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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

80 anos de Luiz Chapeado


1
Em uma família de tradição
E de nome bem conhecido
Deu seu grito de anunciação
Um menino forte e crescido
Onde nasceu tinha alegria
Várzea alegre da cercania
E com o nome de Luiz José
Ali por dez anos viveu
Na barra do rio cresceu
E no rio grande em são tome.

2
Nessa cidade então foi morar
Onde sua esposa conheceu
Tratou logo de se casar
Pois era desejo seu
Foi feito o casamento
E logo nesse momento
Luiz tornou-se “conhecido”
Homem forte trabalhador
Mas uma fama lhe acompanhou
Pelo que já tinha vivido
3
A prole foi concebida
E por sete filhos foi abençoado
O orgulho de sua vida
Era o que tinha desejado
Uma família para criar
E na velhice chegar calmamente
Dona Lurdinha lhe acompanhando
E todos os filhos criando
Na sua luta, seguiu em frente

Festa de Aniversario de Luiz Chapeado
4
Quando rói couro era cabaré
Luiz ingressou na profissão
Com Maria do brejo, fincou o pé
Tornou-se garçom por devoção
Todo dia trabalhava
Aos convidados agradava
E nisso se acostumou
Ficou na casa por um bom tempo
Era o seu grande divertimento
Mas tempos depois abandonou
5
Era um homem muito arteiro
E dotado de certa sabedoria
Foi trabalhar com zé mineiro
Na sua iniciada padaria
João pequeno lhe convidou
E logo o convite aceitou
Pra trabalhar noite e dia
Buscava aprender, era “afoito”
Depois trabalhou com zé biscoito
Na cidade de santa luzia
6
Em pouco tempo mudou de profissão
E o padeiro tinha se aposentado
Mergulhou com satisfação
No oficio de chapeado
O trabalho lhe deu o apelido
Rapidamente ficou conhecido
Aqui na nossa cidade
O que até hoje o povo lhe chama
Mas o que lhe deu fama
Foi a sua brutalidade
7
Trabalhou nas “cariocas” de algodão
E era um funcionário esforçado
Fazia tudo sempre com atenção
E nunca ficava parado
Pouco tempo por lá ficou
E outra vez de profissão mudou
E em campina grande foi morar
Da Embratel era o seu vigia
Cuidava da empresa todo dia
A parecia se acostumar


8
Depois pra São Mamede voltou
E da terra queria cuidar
Pra agricultura retornou
E por muito tempo foi trabalhar
Mas a idade estava chegando
E o velho chapeado se cansando
E descansar esperava o dia
Foi grande a sua felicidade
Pois com avançada idade
Alcançou a aposentadoria
9
Mas Luiz gostou de uma profissão
Quem era de um cabaré administrar
O rói couro lhe deu satisfação
E dele mesmo foi cuidar
Era na rua do berra bode
Tinha samba e pagode
E de muita mulher faceira
Luiz o negócio aumentou
E logo, logo prosperou
Era serio sem besteira
10
Vinha moça de todo canto
Pra na casa trabalhar
Cada uma com seu encanto
Pra o seu dinheiro ganhar
Vinha moças de equador
Sedutoras cheias de amor
Patos, Teixeira e região
Luiz, era quem mandava
E o cabaré administrava
Era o dono e o cidadão

Antiga sede do Cabaré  
11
O cabaré assim funcionava
As “moças” não tinham ordenado
Cada uma se esforçava
Pra ter seu “homem” conquistado
A bebida quem pegava era o cliente
Seduzido e já bem quente
Gastava todo o seu dinheiro
Isso era a noite inteira
E aos poucos na zoeira
Só saia por derradeiro
12
Vez por outra tinha uma discussão
Por ciúme ou coisa inventada
Mas logo se fazia a apartação
E a briga se tornava encerrada
Luiz na questão se intrometia
E com voz forte logo dizia
Aqui tem que ter respeito
Ou se acostuma com o cabaré
Ou vai embora, dar no pé
Mas brigar, não tem jeito.


13
As “bebidas consumidas
Eram montilla, dreher e velho barreiro
Todas elas bem vendidas
Consumidas o dia inteiro
O tira-gosto era ovo cozido e preá
Peixe, ribaçã e mugunzá
Não sobrava sequer o pirão
Gastava muito o cliente
Mas embriagado e inconsequente
Tornava-se o dono da situação

14
As músicas mais escutadas
Era a moda da região
Brega, forró e lambada
Caipira samba e arrastão
Todo mundo se divertia
E Luiz naquela alegria
Como dono do estabelecimento
Muito tempo tinha passado
E Luiz o velho chapeado
Via chegar um tal momento
15
Talvez por uma desejada opção
Luiz resolveu o cabaré acabar
Pediu a Xandoca e seu filho João
Pra um abaixo assinado inventar
Cabaré não queria mais saber
Viu muita coisa acontecer
E essa vida queria deixar
O documento foi feito
Luiz assinou não teve jeito
E agora queria descansar
16
Aqui me faço relembrar
De Luiz e as histórias contadas
Umas ele diz assinar
Outras foram inventadas
A história dos pintos no pilão
Ele não fez por judiação
Mas porque a calma tinha perdido
Ele já não aguentava
E todo vez que os pintos beliscava
Ele soltava um gemido.
17
Então “os pinto” pegou
Um a um com a sua mão
Devagarinho cada um trucidou
Nas pancadas do pilão
Nunca mais foi beliscado
Mas isso já é passado
Ele não gosta nem de contar
Foi só uma brincadeira
Uma aventura passageira
Não vale a pena lembrar
18
Essa é uma história falada
Do velho Luiz chapeado
Conheça as outras já contadas
De Luiz aqui homenageado
Tem a história do pneu furado
A ponta de pau no pé fincado
E o rio, a jumenta e a travessia
E o gato que lhe roubava
A sovaqueira que ninguém aguentava
E a viagem pra são Paulo que ele não ia
19
Aqui um espaço tenho que falar
Das suas saudades de menino
Da sua fé, que se faz notar
Sua vida e seu destino
Diz não gostar de comício
Nunca acreditou nisso
E em promessas já faladas
É um verdadeiro “cidadão”
Honesto, caprichoso e de ação
Que tem sua vida contada.
20
Uma vez foi detido
Mais da cadeia não quis sair
Chamaram um político conhecido
Para a cadeia ter que abrir
Foi por causa de uma discussão
Que Luiz tinha razão
Mas se fez de ofendido
Só saio da delegacia
Quando aqui a alguns dia
Chegar o meu velho conhecido
21
Então eu pude homenagear
A cultura o homem, o aprendizado
As histórias de Luiz contar
O que o povo tem contado
Ele tem o “merecimento”
Porque possui um conhecimento
Das histórias do nordeste
80 anos vai fazer
E os faz por merecer
Luiz chapeado cabra da peste
22
Estamos todos a lhe parabenizar
Nesse dia 19 de fevereiro
Luiz então vai se alegrar
Pois vai ser festa o dia inteiro
É o velho Luiz chapeado
Homem forte, desassombrado
Que tem histórias pra contar
Tornou-se uma celebridade
Conhecido por sua brutalidade
Aqui do nosso lugar
 
Luiz e sua esposa Socorro 
23
Hoje Luiz vive casado
Com Maria do socorro nunes oliveira
Um matrimônio, realizado
Que tornou-se grande companheira
E vive sempre lhe ajudando
E dele com carinho cuidando
Até quando a morte os separar
Luiz não é mais chapeado
Mas ficou assim apelidado
E agora vive a descansar
24
Com amigos vive a conversar
Na sua balança do oitão
Quem aparece vai escutar
História de medo e assombração
É um grande aprendizado
Conhecer Luiz, o velho chapeado
O homem mais bruto de nossa região
25
Essa biografia pra terminar
Outra homenagem preciso fazer
A José Martins que me fez apresentar
A Luiz chapeado pra eu conhecer
Gabriel Rufino
Teu sobrinho e desde menino
Também ouviu histórias contar
Foi mesmo um grande aprendizado
Conhecer Luiz chapeado
Então vamos todos lhe parabenizar.

Biografia feita pelo historiador e professor Coló.








Luiz, Gabriel Rufino e Colo.




Luiz, Socorro e Pequeno no PETI

















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