Total de visualizações de página

sexta-feira, 2 de maio de 2014

"SÃO MAMEDE 60 ANOS" A GRANDEZA DO GESTO

A GRANDEZA DO GESTO

Era o dia 1º de janeiro de 1989. As ruas de São Mamede estavam tomadas por pessoas de todas as idades. Prenunciava-se uma grande festa para a posse do prefeito eleito, o Sr. Francisco das Chagas Lopes de Souza, do Partido da Frente Liberal (PFL). Tudo deveria estar dentro do script, sem falhas, afinal eram seis longos anos sem “poder” para os partidários do esquema político que dominava a política local.

Esse jejum de poder ocorreu, devido uma ruptura causada por brigas internas entre os lideres Otacílio Bento de Morais, prefeito em exercício, em 1982, que queria eleger seu sucessor para a gestão seguinte – o amigo Severino Delfino Gambarra (Biu Delfino) – e Nilson Oliveira de Araujo – ex-prefeito e candidato do então deputado Inácio Bento de Morais (irmão do prefeito), e de seus filhos Dr. José Joácio de Araújo Morais, médico de grande influência no município e Dr. Efraim de Araújo Morais, engenheiro, e futuro herdeiro político da família Morais.

As tentativas de acordo para uma única candidatura não tiveram êxito, os dois lados estavam irredutíveis; e como não houve o tal “acordo” ambos saíram candidatos, por uma mesma legenda, isto porque a legislação eleitoral da época permitia PDS1 (um) e PDS2 (dois), ou seja, tanto Nilson Oliveira PDS1, como Severino Delfino PDS2, podiam e foram candidatos ao pleito pelo Partido Democrático Social (PDS).


Porém, enquanto as duas facções se digladiavam em acusações mutuas, o candidato a prefeito pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), José Pequeno de Oliveira (Dé Pinicaca), somavam adesões á sua causa política de famílias importantes. Foram várias que insatisfeitas com as atitudes dos seus lideres políticos anunciavam apoio ao candidato do PMDB. Creio que foi a primeira e a única vez em que essas famílias estiveram fora da orientação política da família Morais – creio também, que a rebeldia das famílias valeu como um grande aprendizado para esses políticos.

As Candidaturas de Nilson Oliveira e de Severino Delfino, foram derrotadas. Vejam os dados: Dé Pinicaca do PMDB, 1.868 votos, Nilson Oliveira PDS1, 1.199 votos, Severino Delfino do PDS2, 594 votos, brancos 91 votos, nulos 91 votos, total apurado 3.843, abstenção 759, eleitorado 4.602 eleitores. A soma dos votos captados pelas duas candidaturas do PDS1 e PDS2, não foi suficiente para superar os votos recebidos pelo pmdbista, que venceu o pleito com 75 (setenta e cinco) votos de maioria. Há de se valorizar muito essa vitoria, pois se a soma dos votos recebidos pelas candidaturas de Nilson Oliveira e de Severino Delfino, fosse maior do que a de Dé Pinicaca, um deles dois seria o eleito, claro o que tivesse mais voto.

A vitória de Dé Pinicaca sobre seus oponentes, causou um enorme frisson nas camadas mais pobres de São Mamede. Percebia-se um denso regozijo entre as pessoas, principalmente dos seus partidários que já haviam amargado uma derrota em 1976, para Otacílio Bento de Morais, aliando-se a isso, ainda, soma-se um profundo sentimento de mudanças estruturais, e nas ações políticas/administrativas, que havia na população.

Passada a tempestade vitoriosa, eis a transição que não houve, isso por que, não existia essa cultura nos pequenos municípios, imaginem então, em São Mamede, onde é muito acentuada e “salutar” para políticos, a política partidária. As chaves da prefeitura foram passadas para o prefeito eleito no dia da posse pela manhã, em 1º de janeiro de 1983, por um funcionário público municipal e não pelo prefeito que deixava o cargo.

Ao contrário do que ocorreu em 1983; em 1989, deu-se o GRANDE GESTO. Era o dia 1º de janeiro, muita gente nas ruas para assistir a posse do prefeito eleito. Em frente à prefeitura na Rua Janúncio Nóbrega, pessoas se acotovelavam para se aproximar do hall de entrada da prefeitura. Ali puseram um púlpito para os “responsáveis” pela vitoria discursarem para os seus partidários e curiosos. Era por volta das 10h, quando os primeiros oradores começaram a ... Digamos a falar. De repente surge Dé Pinicaca pedindo passagem entre as pessoas.

Aproxima-se do hall de entrada, sobe os degraus de acesso a plataforma que serve de palanque e atingindo o plano dos tribunos se dirige ao prefeito eleito e passam às suas mãos as chaves da prefeitura de São Mamede, desejando-lhe boa sorte. Em seguida ergue as mãos e diz: Tchau para todos, e voltou pelo mesmo caminho que antes havia passado, e como antes cumprimentou as pessoas que sempre cumprimentara. Assim, se deu o GRANDE GESTO.

Lembrando que Dé Pinicaca, foi o segundo prefeito a governar o município de São Mamede por 6 anos, de 1983 a 1988. O primeiro foi Otacílio Bento de Morais, que governou de 1977 a 1982. (Fonte T.R.E – PB).

Postado por Mário Bento 












BlogSãoMamede1
Zé Luiz Mineiro
professor Coló
Jornalista Mario Bento

Nenhum comentário:

Postar um comentário